Publicado às 19h55 desta quinta-feira (31)
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recuou, nesta quinta-feira (31), da decisão de desistir de concorrer à Presidência da República e de renunciar ao Palácio dos Bandeirantes.
A manobra buscou enquadrar o PSDB no mesmo dia em que Sergio Moro abandonou a pretensão presidencial, mas está longe de garantir o apoio do tucanato ao paulista. Ao contrário, novos ataques internos à postulação são uma certeza.
Com isso, ele mantém o plano original de mirar o Planalto e permitir que o vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), assuma o cargo e dispute as eleições para o governo paulista.
Doria fez o anúncio de sua renúncia em um evento de despedida no Palácio dos Bandeirantes com prefeitos paulistas, como estava previsto.
Para tentar dissipar o mal-estar que foi vendido por todo o entorno dos tucanos, real ou não, o evento teve ares de lançamento de candidatura, com bateria de escola de samba e um longo vídeo enaltecendo a imagem de “pai da vacina” Coronavac de Doria, entre outros pontos de seu governo.
“Chego com a satisfação de ter cumprido os compromissos que assumi com o povo de São Paulo, sem ter sucumbido à vaidade do poder”, disse, chorando ao citar a mãe o pai, que foi deputado cassado pela ditadura celebrada por Bolsonaro neste dia 31, aniversário do golpe de 1964. Criticou o atual governo e os do PT.
“Acreditar na ciência é apostar na vida e acreditar no futuro. São Paulo cresceu cinco vezes mais que o Brasil nesses três anos, mesmo com a pandemia”, disse, em referência à sua aposta na vacina contra a Covid-19 e no desempenho econômico do estado.
Doria fez deferências a aliados e a outros não tanto assim, como o presidente do PSDB, Bruno Araújo, com quem tem uma relação de desconfiança.
Outros compromissos de inaugurações no seu último dia no cargo acabaram cancelados diante do imbróglio.
Ele havia comunicado Rodrigo na quarta-feira (30) sobre sua decisão de se manter no governo, abrindo uma crise no PSDB e na base aliada. Desde a noite de quarta, aliados de Doria passaram a atuar para que ele mantivesse o combinado. Embora o tucano tivesse dito ao vice que não disputaria a reeleição, Rodrigo ameaçou se filiar à União Brasil e até a não mais concorrer, o que agravou a situação.
Irritado, o vice não foi a um jantar em homenagem a Doria na casa do empresário Marco Arbaitman. Com a confusão instalada, após uma manhã de negociações e telefonemas em termos impublicáveis, foi costurado um consenso.
Fonte: Folha de São Paulo