Publicado às 07h16 desta sexta-feira (10)
A destruição das lavouras de soja no Rio Grande do Sul pode elevar não só os preços do óleo, como os das carnes de frango e de porco, dizem consultorias do setor. É que o farelo do grão é a principal base proteica da ração destes animais.
O RS é o segundo maior produtor da leguminosa do Brasil e, no 1º trimestre, foi o responsável por manter em alta os níveis de exportação, após a seca enfrentada pelo Centro-Oeste.
Antes das chuvas começarem, ainda faltava o estado colher cerca de 30% da safra, aponta Matheus Pereira, da consultoria Pátria Agronegócios, que presta serviços à Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
A expectativa era de que o estado colhesse cerca de 20 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estimativa do tamanho da perda da soja no pé varia, segundo consultorias do setor, de 2,5 milhões a 5 milhões de toneladas. Há ainda as perdas não estipuladas da leguminosa que estavam em silos e armazéns.
Segundo a estimativa feita ao final da semana passada, ainda sem considerar eventuais perdas nas lavouras gaúchas, a safra nacional está agora estimada em 153,9 milhões de toneladas, ante 153,8 milhões de toneladas na previsão de abril.
Como a soja afeta o preço dos alimentos
A queda nas exportações após a perda no RS pode gerar uma disputa pela soja como matéria-prima, analisa Carlos Cogo, da consultoria Cogo. Isso, por sua vez, vai reforçar a tendência de alta dos preços da leguminosa.
Para ele, os principais produtos afetados serão o farelo, usado na fabricação de ração; o óleo de soja, para consumo humano; e o biodiesel — que, no Brasil, tem 65% da produção feita é a partir do óleo do grão.
A ração animal feita com soja é usada, principalmente, para as cadeias de frango, carne suína e para o caso de criação bovina em confinamento. Sendo que nas duas primeiras é a principal base proteica para a alimentação. Com a ração mais cara, os preços podem refletir nas gôndolas do supermercado.
Já a alta do óleo de cozinha impulsionaria também os preços de outros óleos vegetais para o consumidor, afirma Cogo.
Mas, para ter certeza dessa alta, será preciso acompanhar as perdas no campo por todo o mês de maio, aponta Luiz Fernando Gutierrez, consultor da Safras & Mercado.
Fonte: g1