Publicado às 19h36min. deste sábado (23).
“Só adulto aguenta porrada. É muito complicado pra criança. Não sou só eu que estou sofrendo. Tenho três filhos. A gente recebe um pouco de feijão daqui, farinha dali, um frango pra comer na semana. Familiares vão ajudando. Mas, ontem, eu jantei queijo. O queijo que eu peguei fiado para vender e sobreviver”, relata o vendedor ambulante Josielson Cardoso, de 33 anos.
Na semana passada, ele não conseguia parar de chorar na frente dos filhos quando lhe pediram dinheiro para comprar merenda. “É uma dor muito doída quando nossos filhos pedem e não temos o que dar. Antes a gente tinha o auxílio emergencial, mas agora acabou. E, sem as doações que a gente consegue, eles estariam passando fome.”
Antes da pandemia, ele conseguia lucrar em torno de R$ 1.000 por fim de semana como vendedor ambulante de bebidas na porta de festas e boates. Mas a renda caiu a zero quando a Prefeitura de Amapá (a 300km de Macapá, capital do Estado de mesmo nome), onde mora com a família, proibiu eventos com aglomerações para evitar o espalhamento do coronavírus.
A doença infectou 1 em cada 9 habitantes da cidade de Amapá, segundo dados oficiais.
O auxílio de R$ 600, única renda da casa de Josielson em grande parte de 2020, chegou a ajudar a comprar comida, mas não bastava. As dívidas cresceram. A mulher dele passou um mês doente com covid-19. E ele precisou vender a moto e um freezer que usava para gelar as bebidas que comercializava.
Via G1 Notícias